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Saiba um pouco sobre um dos alimentos mais consumido no mundo, que já foi considerado um produto de botica no século XVIII
O açúcar entrou
no mundo pelo laboratório dos boticários, onde desempenhou um papel
importante , pois para falar de alguém a quem faltasse algo
essencial, dizia-se: "é como boticário sem açúcar".Esse
comentário de Brillat-Savarin ( século XVIII) é bastante exato,
já que por muito tempo o açúcar foi considerado um produto de botica por ser usado quase sempre como medicamento.Ele tornou-se um
elemento inquestionável na farmacopeia ocidental, como atestam os
textos de Galeno, que iniciou um classificação para receitas com
plantas medicinais baseadas nos ensinamentos de Hipócrates, criando
uma tipologia própria
A planta e as técnicas
de fabricação desse precioso produto, considerado uma especiaria
rara e um poderoso componente medicinal e farmacêutico, foram
levados do oriente para a bacia do Mediterrâneo e , posteriormente
para a Península Ibérica pelos árabes. Foram eles também os
responsáveis pelo desenvolvimento do seu consumo na medicina, na
culinária e na doçaria, mas foram os chineses que fizeram as
primeiras experiencias para transformar o sumo da cana de açúcar em
sólido.Seu uso terapêutico era indicado para suprir a insuficiência
calórica por ser considerado como fortificante ou complemento
alimentar.Era também aconselhado , no incio da época moderna para
"confortar "o estômago e os intestinos e dar boa
disposição ao ventre.
Essa associação
entre alimentação e saúde é muito antiga e os cuidados com o
corpo originaram numerosos tratados médicos e de caráter moral, que
seguiam muitas vezes o famoso preceito de Hipócrates: " dos
teus alimentos farás tua medicina".A alimentação teve, assim,
um papel primordial na teoria de Hipócrates, já que seria a
responsável pela gestão da harmonia que deveria reinar entre os
humores constituintes do corpo humano.
Ao longo dos séculos,
contudo, o açúcar foi considerado ora um excelente medicamento para
restabelecer a saúde do corpo enfermo, ora um elemento a ser
excluído das dietas por causar distúrbios ao corpo sadio.O seu uso
deveria, portanto, ser bem dosado e combinado a fim de manter o
equilíbrio necessário ao organismo.
De fato, no universo
da composições gastronômicas, o açúcar foi perdendo, ao longo da
Era Moderna, a função que possuía até a Idade Media, de ser apenas
condimento ou especiaria, assumindo o papel de gênero básico e
indispensável na alimentação e associado a outros gêneros, o
açúcar passou a gerar alimentos e sabores múltiplos, transformando
o Renascimento na "era das guloseimas".
No final do século
XVIII, quando seu uso ja havia feito a entrada triunfal no setor da
confeitaria e doçaria, Brillat-Savarin resumiu com certo humor a
habilidade e o resultado da combinação do açúcar com outros
produtos: "Misturado com farinha e ovos,(o açúcar) fornece os
biscoitos, os bolos
os pudins e aquela quantidade de iguarias
leves que constitui a arte
bastante recente na confeitaria.Misturado com
leite,fornece os cremes,
os manjares -brancos e outras sobremesas que
encerram agradável-
mente uma refeição.Misturado às frutas e
às flores, fornece as geleias,
as marmeladas ,as conservas, as gelatinas e
os candis, o que nos per-
mite apreciar o perfume dessas frutas e
dessas flores muito tempo
após a época que a natureza havia fixado
para sua duração.Enfim,
misturado ao álcool, o açúcar fornece os
licores...."
Fonte:Alimentação, Saúde e Sociabilidade
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